Você conhece a Síndrome de Boreout?

Nos últimos anos a saúde mental do trabalhador tem sido foco de discussões, seja por problemas relacionados ao ambiente de trabalho bem como pela repercussão do trabalho na esfera pessoal, ampliando o debate em torno do tema a fim de que a sociedade possa tratar em conjunto sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.

Especialmente após ser classificado como fenômeno ocupacional pela OMS, muito tem se falado a respeito do Burnout, compreendido como uma doença decorrente do trabalho em razão de excessos de metas e condições de trabalho desgastantes, porém, mais recentemente as Empresas têm se deparado com um novo fenômeno, a Síndrome de Boreout, que requer cuidado e atenção pelos gestores a fim evitar o adoecimento do trabalhador e também consequências negativas para a organização.

Apesar de serem doenças experimentadas em razão do trabalho, observamos marcantes diferenças entre as síndromes, que transitam entre extremos na relação trabalhista.

Em resumo, enquanto o Burnout se caracteriza pelo excesso de trabalho que leva ao esgotamento mental e emocional do trabalhador, o Boreout, também conhecido como síndrome do tédio ou aborrecimento, decorre da sensação de desvalorização pessoal em razão da falta de estímulo no ambiente de trabalho, seja por falta de demanda quantitativa ou qualitativa, levando o trabalhador a um estado de apatia e falta de interesse, que pode gerar repercussões na saúde física como alteração da pressão arterial, insônia, doenças de pele, ansiedade e depressão, impactando diretamente em suas atividades profissionais.

Embora ainda menos debatida, a Síndrome de Boreout é bastante comum e pode vir a ocorrer inclusive logo após o processo de admissão, quando o profissional percebe que as atividades a serem realizadas no dia a dia não condizem com as descrições do cargo para o qual foi contratado, resultando em tarefas que não geram desafios e imprimem pouca possibilidade de crescimento e desenvolvimento na Empresa.

Diante disso, é importante que os gestores cuidem da saúde dos seus colaboradores, proporcionando um ambiente de trabalho que gere satisfação e motivação aos profissionais, de modo a promover qualidade de vida e bem-estar, inclusive para que a Empresa avance em produtividade e eficiência.

Para combater as doenças do trabalho a Empresa deve conhecer seus colaboradores, entendendo o perfil de cada trabalhador e o que é valorizado pelos empregados, de modo a alinhar as expectativas da Empresa e de seus funcionários. Imprescindível ainda manter um canal aberto de comunicação, através do qual seja possível conhecer os anseios dos colaboradores, permitindo assim uma melhor organização do fluxo de trabalho e a satisfação do empregado no desempenho de suas tarefas no trabalho.

Não podemos nos esquecer que a saúde mental (como sendo uma espécie do gênero saúde, garantida constitucionalmente) é um direito social e que deve ser observado da mesma maneira. Ademais, todos podem colaborar na criação de um ambiente de trabalho colaborativo, que promova o bem-estar e constitua uma fonte de realização pessoal dos colaboradores.