Os créditos consignados têm se tornado uma alternativa popular entre os trabalhadores brasileiros, principalmente após a recente implementação do sistema e-Consignado, devido à facilidade de contratação, taxas de juros mais baixas e prazos longos para pagamento. Por serem descontados diretamente da folha de pagamento, esses empréstimos oferecem maior segurança às instituições financeiras e acessibilidade aos empregados, e tais facilidades tem impulsionado uma verdadeira “indústria do consignado”, especialmente no setor privado.
Entretanto, apesar da aparente simplicidade, a concessão de crédito consignado pode gerar impactos diretos para as empresas empregadoras. Isso ocorre porque elas assumem o papel de intermediárias entre os bancos e os trabalhadores, sendo responsáveis por descontar e repassar os valores das parcelas mensais. Em caso de desligamento do trabalhador antes do término do contrato de empréstimo, é comum que o valor restante fique descoberto, e algumas instituições financeiras tentam transferir à empresa a obrigação de quitar o saldo devedor — situação que, embora sem respaldo legal direto, tem gerado disputas judiciais.
Além disso, o acúmulo de empréstimos pode comprometer significativamente a renda mensal do trabalhador, sendo que empresas com altos índices de empregados endividados também podem enfrentar problemas operacionais e reputacionais, além do risco de serem envolvidas em passivos jurídicos por falhas nos repasses ou em caso de inadimplemento involuntário.
Para se proteger, as empresas podem adotar medidas preventivas, como formalizar termos de compromisso com os empregados que contratam crédito consignado, deixando claro que a responsabilidade final pelo pagamento é do trabalhador. Também é recomendável estabelecer limites para o comprometimento da renda com consignações, criar rotinas de auditoria dos repasses e firmar convênios com instituições financeiras. Tais ações reduzem o risco de judicialização e preservam a saúde financeira e reputacional das empresas.
