Mercado de capitais bate recorde com R$ 152,3 bilhões captados no 1º trimestre

O mercado de capitais brasileiro começou 2025 em ritmo acelerado e com resultados históricos. As empresas captaram R$ 152,3 bilhões no primeiro trimestre, de acordo com a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). É o maior volume já registrado para o período desde o início da série histórica em 2012, representando um crescimento de 12,1% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Só no mês de março, as ofertas somaram impressionantes R$ 62,1 bilhões.

A maior parte desse desempenho foi puxada pelas emissões de renda fixa, que atingiram R$ 142,6 bilhões. As debêntures lideraram com folga, somando R$ 103,1 bilhões, um salto de 43% em relação ao ano anterior. Os recursos foram direcionados principalmente a projetos de infraestrutura (42%), pagamento de dívidas (21,4%) e gestão ordinária (17,2%). Os papéis incentivados pela Lei 12.431 também quebraram recordes, com R$ 46 bilhões emitidos e prazos médios de até 16,5 anos.

Outros instrumentos também contribuíram para o bom desempenho. Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) movimentaram R$ 14,6 bilhões, com um crescimento de 2,3%, enquanto as notas comerciais praticamente dobraram, chegando a R$ 6,8 bilhões. A diversidade de instrumentos tem sido um fator decisivo para democratizar o acesso ao mercado de capitais, especialmente para empresas de menor porte que buscam captações com trâmites mais simples.

No mercado secundário, o volume negociado de debêntures alcançou R$ 196,6 bilhões, avanço de 34,2% sobre o mesmo trimestre do ano passado. Esse amadurecimento fortalece a liquidez dos títulos e estimula novas emissões, ao criar um ambiente mais seguro e atrativo para os investidores. “Um secundário robusto facilita a realocação de recursos e dá mais confiança ao mercado como um todo”, observa Guilherme Maranhão, da ANBIMA.

Já no mercado externo, as ofertas de renda fixa atingiram US$ 11,1 bilhões no trimestre, com aumento de 24,5% na comparação anual. A maior parte das emissões teve prazos entre 6 e 10 anos, com empresas respondendo por mais da metade do total. Os resultados demonstram a consolidação do mercado de capitais como uma fonte relevante de financiamento, em um cenário ainda marcado por juros elevados e incertezas globais.