O setor de geração de energia tem se consolidado como um dos principais protagonistas nas operações de fusões e aquisições (M&As) no Brasil em 2025. Até o mês de setembro, foram movimentados quase R$ 50 bilhões em transações, o que representa cerca de um terço do volume total de M&As no país. O número expressivo reflete o interesse contínuo de investidores em ativos estratégicos ligados à infraestrutura energética.
Entre os destaques do período está a oferta pública de fechamento de capital da Serena, uma das maiores geradoras e comercializadoras de energia limpa do país. A operação, conduzida pelos fundos Actis e GIC, fundo soberano de Cingapura, ultrapassou R$ 15 bilhões e exemplifica o peso das movimentações envolvendo empresas consolidadas no setor.
A renovação de contratos de concessão de grandes hidrelétricas e distribuidoras também influenciou o cenário. A queda no Ebitda de diversas companhias, provocada por ajustes regulatórios e operacionais, contribuiu para tornar o ambiente mais favorável à reestruturação societária e à negociação de ativos, ampliando o volume de transações.
Por outro lado, o segmento de energias renováveis enfrenta desafios. Os cortes forçados na geração eólica e solar — os chamados “curtailments” — determinados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), têm impactado receitas e elevado a percepção de risco. A sobreoferta de energia e limitações na capacidade de transmissão afetaram diretamente o valor dos ativos e a atratividade de novos investimentos, mas, ainda assim, o setor aguarda o fechamento de novas operações relevantes até o fim do ano.
Mesmo em um cenário de juros elevados e maior cautela nos investimentos, o setor de energia permanece como um dos mais relevantes na movimentação financeira do país. A expectativa é de que o ritmo de operações se mantenha elevado, com destaque para ativos estratégicos e oportunidades de consolidação no mercado nacional.