Diante de um ambiente de incerteza geopolítica, tarifas comerciais instáveis e riscos nas cadeias de suprimento, a KPMG verifica grande recuo nos investimentos em private equity na América Latina no terceiro trimestre de 2025

O volume de investimentos na América Latina, na área de private equity, no terceiro trimestre do ano de2025, registra baixa em relação ao trimestre anterior. Os dados foram verificados no mais recente levantamento da renomada organização global de firmas independentes, que presta serviços profissionais de Audit, Tax e Advisory para diversas instituições do mercado de capitais, como empresas, governos e startups, a KPMG.

Na publicação, denominada Pulse of Private Equity – Q3 2025, da KPMG, constatou-se que o montante global de investimentos na área de private equity, que era de R$ 512 bilhões no período anterior, alcançou o impressionante valor de R$ 537 bilhões no terceiro trimestre de 2025. A tendência, no entanto, não foi acompanhada pela América Latina. De acordo com o levantamento da organização, o ano de 2025 tem sido um período de grande dificuldade para a parte sul e central do continente das Américas, haja visto que, assim como ocorreu no segundo trimestre de 2025, novamente afere-se baixa nos investimentos no setor de private equity, reforçada a tendência de queda que já havia sido verificada.

As razões para a retração nessa importante área do mercado de capitais, que representa os investimentos em empresas com grande potencial de crescimento, mas que não são listadas na bolsa de valores, tem origem na crise política e comercial instaurada no ano de 2025. A instabilidade iniciou-se em razão das discussões e tensões estabelecidas face aos Estados Unidos da América, decorrentes das modificações nas taxas e tarifas comerciais estabelecidas com países de alto volume de exportação para os Estados Unidos, como Brasil e México.  O cenário de imprevisibilidade, somado à desconfiança e incerteza dos investidores estrangeiros nos países latinos, revela-se nos demonstrativos da KPMG: o primeiro trimestre do ano, ocasião em que a crise ainda não havia se instaurado, vislumbrou o maior montante de investimentos na área.

Agora, os países afetados pela insegurança dos investidores internacionais amparam-se em fundos domésticos, focados principalmente nos setores de transporte e logística nacionais. Tais categorias, apesar de apresentarem valores moderados, são menos afetadas pelas alterações cambiais e tarifárias, e representam maior estabilidade ao investidor no atual momento geopolítico e comercial experimentado pelos países latino-americanos. O levantamento verificou, ainda, que o segmento das Fintechs demonstrou resiliência à visão dos investidores estrangeiros. Apesar de representar volumes abaixo dos demonstrados nos anos anteriores, a expansão das atividades bancárias e os estímulos à inclusão e acessibilidade financeira na américa latina sustentaram o setor, que demonstrou queda menos acentuada em relação aos demais nichos de private equity.

A expectativa, no entanto, é de que o cenário não se sustente por muito tempo. O levantamento da KPMG visualiza possível restabelecimento nos próximos trimestres, oriundo da expectativa de resolução dos conflitos entre América Latina e Estados Unidos, ainda no ano de 2025. Caso essa situação hipotética se concretize, a confiança dos investidores estrangeiros no mercado de private equities latino pode se reestabelecer e consolidar a recuperação do setor no ano de 2026.

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