Pedidos de recuperação judicial batem recorde em 2024 e refletem os desafios enfrentados pelas empresas no Brasil

O crescimento expressivo no número de pedidos de recuperação judicial no Brasil reflete um ambiente econômico desafiador e de grande instabilidade para empresas de todos os segmentos. Segundo dados divulgados pela Serasa Experian, o ano de 2024 atingiu um recorde histórico com 2.273 solicitações, representando um aumento de 61,8% em relação ao ano anterior e superando o antigo pico de 2016, quando foram registrados 1.863 pedidos.

O impacto sobre micro e pequenas empresas tem sido ainda mais severo. De acordo com o levantamento da Serasa, esse grupo foi responsável por 73,7% dos requerimentos, totalizando 1.676 solicitações – um crescimento de 78,4% em relação a 2023. A vulnerabilidade dessas empresas decorre da menor capacidade de acesso a crédito, do alto custo financeiro imposto pelas elevadas taxas de juros e da limitação de capital de giro, dificultando ainda mais sua recuperação.

Os fatores que impulsionam essa crise são múltiplos e interconectados. A taxa Selic elevada, elevada de 11,25% para 12,25% no final de 2024 e que hoje atinge 13,25%, encarece o custo do dinheiro e restringe a tomada de crédito por parte das empresas. Além disso, a valorização do dólar frente ao real tem pressionado os custos operacionais e a retração no consumo, impulsionada pela inflação persistente e pela perda do poder de compra da população, agrava ainda mais o cenário.

A perspectiva para os próximos anos não é otimista. Especialistas apontam que, caso o cenário econômico permaneça inalterado, os números de recuperação judicial devem continuar crescendo neste ano e em 2026. A queda da Selic, que poderia aliviar a pressão sobre as empresas, ainda não tem horizonte definido, e as projeções indicam que a taxa pode continuar elevada no curto prazo.

A recuperação judicial é um mecanismo fundamental para a manutenção da atividade empresarial em momentos de crise financeira, pois que empresas reestruturem suas dívidas e evitem a falência. Entretanto, a ausência de planejamento financeiro robusto e a fragilidade na estrutura de capital dessas empresas tornam a recuperação ainda mais desafiadora.

Diante desse cenário, a adoção de uma estrutura financeira e societária bem-organizada torna-se essencial para a continuidade das operações empresariais. Além de fortalecer a resiliência das empresas frente a instabilidades econômicas, uma boa estrutura societária pode facilitar eventuais processos de recuperação judicial, aumentando as chances de êxito.